Saturday, December 19, 2015

Veja abaixo nossos termos de uso para fotos entregues em alta

Cada vez mais fotógrafos entregam imagens em alta resolução para seus clientes, sem cobrarem mais por isso. É o nosso caso. Acreditamos que se o cliente pagou pelas fotos, tem o direito do arquivo em alta. Porém existem limitações naturais para o uso das imagens. Segue abaixo:

Termos de Uso das Imagens em Alta Resolução: o cliente tem o direito de uso das imagens restrito ao ambiente familiar, ou institucional interno sem fins lucrativos, elaboração de álbuns do casamento, ou evento, e eventual divulgação em colunas sociais, com citação do nome do fotógrafo. O fotógrafo conserva os direitos autorais das imagens, sendo assim todo uso deve conter crédito constando seu nome (exemplos: no álbum, mesmo que elaborado por terceiros, deve ser dado o crédito ao fotógrafo no final da encadernação, em power-points, publicações em mídias sociais ou divulgação deve constar seu nome). É vedado sem a autorização do fotógrafo o uso e a ampliação das imagens para fins comerciais, plataformas publicitárias, artigos de revista, ampliação para formatos maiores do que 30 x 20 cm, e ampliação para montagens de parede. Consulte-nos sobre ampliação para molduras e garanta uma obra de arte com o Certificado de Autenticidade do Artista). Este contrato poderá sofrer atualizações, pelo que agradecemos a compreensão, confiança e preferência pelo nosso trabalho.

Ricardo Ramalho
www.facebook.com/ricardoramalhofoto

Saturday, October 24, 2015

Hoje inauguramos anúncios neste blog

O Google Adsense é uma ferramenta de inserção de anúncios de terceiros em blogs ou sites. Embora o blog perca um pouco da sua "pureza" (se é que tem alguma) vamos rentabilizar com as visitas que visualizam ou clicam nos anúncios. O valor esperado por ano é bastante baixo, mesmo assim vale como ajuda de custo para publicar os textos e como pesquisa sobre o funcionamento deste sistema. Visto que o mercado de arte é o tema central deste blog até que os anúncios não desvirtuam tanto. Existem blogs que faturam bem com publicidade. O Youtube também tem uma ferramenta semelhante para monetizar videos, fazendo seus canais se tornarem fonte de renta para os youtubers. Este também é um objetivo nosso, por meio da nossa produtora Seu Video Produções.

Um abraço!!
Ricardo
24/10/2015

Friday, October 23, 2015

O erro do artista que vende por fora


Toda galeria cobra uma merecida comissão pela venda das obras. A comissão de 40% ou 50% costuma impressionar os leigos e revoltar os marginalizados. A defesa desta comissão aparece noutros textos meus, vou justificar brevemente mais uma vez aqui. Uma grande galeria tem entre 10 a 20 funcionários altamente qualificados. Imagine o custo disso. Tem muito mais: um espaço grande e dispendioso, investe nas exposições, tem despesas contabilísticas, assessorias e precisa de caixa para feiras, manutenção e armazenagem de obras de artistas. O artista argumenta "eu também tenho custo de aluguel". Não dá para comparar o custo de manutenção de uma galeria com um atelier.

Alguns artistas tem clientes próprios e vendem por fora diretamente, mesmo sendo representados por galerias. Acreditam assim que estão resguardando seus interesses. Estão enganados. Por que? Porque estão concorrendo com seu principal distribuidor local, estão prejudicando os resultados da galeria, e consequentemente enfriando e distanciando uma relação que deveria ser próxima e produtiva. A galeria investe na divulgação do artista, mas este, excessivamente competitivo, aproveita-se da visibilidade e vende por fora, de fora dura, alegando que a galeria só merece comissão sobre seus próprios clientes: isto não é visão de equipe, não é liderança, não é parceria. É natural nestes casos que a galeria perca interesse no artista. E se as galerias não têm interesse no artista, nenhum curador tem. Sem interesse de curadores e galeristas os colecionadores também se afastam. Sem galerista, sem curador e sem colecionador, não tem museu.

Uma coleção próspera é formada por obras de artistas que transitam bem pelo circuito. Todo artista com ambições de ser independente se aproxima do modelo Romero Britto de fazer negócio: rico, porém marginalizado e sem relevância. (O maior problema do Britto não é tanto sua obra, mas sua atuação). O artista que vende por fora, quer tomar a comissão da galeria para si. Por causa deste pequeno valor acaba comprometendo sua inserção no longo prazo e a evolução dos seus preços. É como se uma fábrica vendesse para o publico mais barato do que os distribuidores: isto quebra a distribuição, reduz o alcance e prejudica a fábrica. É como se o artista criasse um mercado paralelo de sua própria obra.

Uma vez numa palestra da FAAP o icônico galerista Marcantonio Villaça disse "Todas as obras do artista estão na galeria. No atelier não tem nada: só obras inacabadas". Outra figura bem sucedida nas artes é o Vik Muniz. Uma vez visitei sua nova casa em construção no Brooklin (NY). Era um armazém tão grande que ousei perguntar "Você vai ter uma sala expositiva aqui?". Resposta: "Não. Não trabalhamos assim aqui". Outro exemplo: eu estava com o amigo artista Caio Reisewitz visitando a mega galeria Mario Sequeira em Braga, Portugal, onde ele participava de uma coletiva. O marchand entusiasmado com a presença do artista fez o convite "quer fazer uma individual aqui?". A resposta surpreendente do Caio: "Fala com a minha galeria".

Diversos artistas adotam este outro modelo de relacionamento. Todas as transações passam pela galeria. Isso fortalece a representação, clarifica as relações, dá segurança para o investidor e o curador, torna sua cotação mais robusta, melhora o lobby do artista no circuito local, clarifica melhor os compradores e deixa tudo mais transparente. É preciso ter as costas largas neste mercado. Não é novidade que o mundo da arte é complicado.

O valor da obra de um artista não é mérito somente dele. A galeria ajuda a conferir este valor. A representatividade do artista no circuito, os convites para exposições, a confiança despertada nos atores do sistema ajudam a legitimar a posição e a cotação do artista. Toda galeria é um espaço institucional. Quando o artista abdica de valorizar as instituições da arte seu destino é um só: a marginalidade. Nunca é tarde para rever estratégias e costurar boas relações.

Sucesso,
Ricardo Ramalho
23-10-2015




Tuesday, October 6, 2015

Os 3 erros mais comuns de portfólios

Um bom portfólio de arte pode ser online ou impresso, deve ter uma seleção de boas obras do artista, imagens com fichas técnicas e um currículo artístico. Então é isso, ficou fácil perceber quais são os 3 erros mais comuns:

1) Seleção equivocada de obras.
Existem várias formas de errar nesse ponto, o erro mais comum é o "portfólio colcha de retalhos", os trabalhos não tem nenhuma relação entre si, não existe um conceito claro que agrupe as obras. Este problema pode ir além do portfolio e afetar a carreira do artista que cada hora faz uma coisa diferente. Outro erro é colocar obras boas e obras ruins. Que tal apenas as boas? Nem tudo o que um artista faz precisa estar no portfólio. Outro erro comum, este com artistas consagrados, é colocar no site "tudo o que eu fiz na vida". Alguns artistas famosos fazem isso, seus sites são tipo um catalogue raisonné: têm milhares de obras catalogadas. O meme abaixo traduz meu comentário.

2) Ausência de fichas técnicas.
Aqui nota-se o amadorismo do artista, as imagens do portfólio não têm qualquer informação sobre ano, título, técnica e dimensões. O leitor fica totalmente perdido. Não sabe se está olhando para uma escultura ou um chaveiro. A pintura não se sabe se é das grandes ou das pequenas. Fotografia então é a festa da enganação. O sujeito mete 20 fotos no portfólio e acha que está tudo certo. Uma foto só é arte se tiver tratamento de arte. Uma foto sem ficha técnica é como se fosse uma foto da sua tia. Qual a tiragem da edição? Qual a dimensão da fotografia? Qual a escala disso? Que ano foi feito? É coisa recente ou da sua infância?
3) Não consta currículo artístico nenhum.
Nem sequer um currículo embrionário. Para desenvolver uma carreira convincente o artista precisa elencar seu percurso de exposições e formação. Não adianta pintar como Michelangelo se o artista não se relaciona com o circuito cultural. Se não faz exposições públicas ninguém fala sobre a obra. Muitos artistas vendem obras decorativas e não fazem exposição. Dificilmente serão valorizados no futuro porque seus trabalhos estão à margem dos museus, galerias, coleções, espaços e publicações. Pouco adianta escrever textos poéticos sobre seu próprio trabalho. Convém deixar que críticos independentes façam isso. Pode até escrever algo curto sobre sua própria obra, usando um vocabulário consagrado, sem muitos devaneios, com algumas referências históricas e motivações pessoais. Mas o essencial mesmo é uma lista de exposições coletivas e individuais. Sem lero-lero.

Sucesso!!!
Ricardo Ramalho
6-10-15

Saturday, September 19, 2015

O que Ricardo Ramalho tem feito afinal?

Essa é uma pergunta que, gostaria de dizer muita gente faz mas, poucas pessoas me fazem. Merece um post porque valorizo essas poucas pessoas. Tenho feito muita coisa. Não quero crer que faço coisas a mais porque ainda tenho outras coisas mais para fazer como poderá ver. Se faço muita coisa é porque me vejo como um conglomerado de iniciativas.

O que estou fazendo no momento? É bom eu mesmo recapitular.

1) sou artista plástico, um pouco devagar na carreira, porém devagar e sempre, com firmeza. Não sou um trator avançando na primeira marcha. Sou um navio atravessando o canal do Panamá. Acredito que no futuro serei um artista rico e famoso. Dizem que o artista "está sempre trabalhando"... não caia nessa conversa. Trabalho nisso esporadicamente, faço obras "por projeto". O que preciso é fazer mais projetos. Eventualmente faço curadorias, mas me considero mais artista do que curador. Neste pequeno blog poderão apreciar algumas obras e o currículo artístico http://ricardoramalhoarte.blogspot.com.br/
Galeria RR online

2) sou consultor de arte, ja atendi diversos artistas e estou atendendo três no momento. Faço um trabalho personalizado que colabora com o posicionamento do artista no mercado de arte contemporânea. Meu enfoque vai desde a produção em si da arte até a visibilidade e comunicação do artista. Preciso divulgar mais este serviço. O fato de pipocarem clientes indica que muitos outros poderiam se interessar. Estudo técnicas de consultoria e pretendo buscar outros perfis de clientes, como colecionadores e galerias. A RR Consultoria está com outros projetos também, como a Galeria RR online que pretende comercializar meu acervo pessoal e de outras pessoas (tenho vendido algumas obras), é um projeto em fase muito inicial e que também requer divulgação e tempo. E a Prainha Residência Artística (mais informações abaixo). No google "consultoria de arte" tem o meu blog entre os primeiros neste tema, acesse http://ricardoramalhoconsultoria.blogspot.com.br/

3) sou diretor administrativo e videomaker da DAlessandro Fotografia, onde produzimos fotografia comercial e videos de eventos, casamentos, palestras, youtube e cursos, juntamente com o artista Paulo D'Alessandro. Este é o meu trabalho mais intenso no momento. Estamos com uma gama enorme de produtos, a divisão de video cresceu muito e vai crescer mais. Em breve lançaremos cursos. Vide nosso site (design Mario Ito) http://dalessandrofotografia.com.br/

4) sou curador da Prainha Residência Artística, meu segundo trabalho mais intenso. Estamos restaurando uma casa que era da família em Itanhaém, recebendo hóspedes e organizando vivências. Não é uma atividade nova para mim, organizei a residência artística do Instituto Volusiano em São Paulo, e durante anos administrei hospedagens artísticas em Portugal, quando lá morei. Vide nossa programação em mais este blog http://prainharesidencia.blogspot.com.br/. Instalamos wifi ontem!! Então posso pilotar daqui muita coisa da empresa de fotografia, a consultoria e fazer artes plásticas.
Tenho passado metade da semana em Itanhaém e metade em São Paulo.

meu caiaque de madeira
De atividades "rentáveis" é isso. Tenho alguns hobbies e curto midias sociais. Uma das minhas páginas no Facebook une essas duas coisas "Construção de barcos" www.facebook.com/construcaodebarcos tem 1800 fans.

Obrigado pelo seu interesse neste blog e na minha colaboração :)

Um forte abraço!!

Ricardo Ramalho
artistaramalho@gmail.com
19/9/2015

Wednesday, August 26, 2015

A Galeria RR volta a abrir as portas!!

Ou melhor, volta a abrir portas online!!
Lançado dia 25 de Agosto, acesse o site de e-commerce http://galeriarr.iluria.com/
Obras do acervo pessoal de RR, coleções particulares e artistas bem selecionados!

Para comprar ou vender arte fale com a gente!!
Dúvidas pelo email artistaramalho@gmail.com
Screenshot da Galeria RR online.

Tuesday, August 25, 2015

Estamos administrando a Prainha Residência Artística!!

Conheça o site da Prainha Residência Artística. 
Uma casa de frente para a praia em Itanhaém, administrada pela RR Consultoria, com todos os programas de uma residência artística.
O espaço também é receptivo a estadias de finais de semana por interessados em geral. Arte, surf, descanso e churrasco é la.
Saiba mais no link http://prainharesidencia.blogspot.com/



Thursday, August 20, 2015

Os seis P das pessoas bem sucedidas

Este video é uma tradução pessoal de um video de Brendon Burchard sobre os seis aspectos de pessoas de alta performance. As seis palavras de ordem começam com a letra P.

Brandon Burchard é um grande coach e palestrante americano e seu canal do YouTube é uma importante referência para a área do desenvolvimento pessoal.

Seu video original chama-se "6 Questions for High-Performance from Brendon Burchard, Founder of High Performance Academy". Lá no meu video tem um link para a versão original do coach.
Espero que gostem da minha versão de 13 minutos :)



Wednesday, August 19, 2015

Como se tornar um artista rico

A primeira pergunta que vem à mente do leitor é "o Ricardo é um artista rico?"
Como consultor e professor de arte não posso me apequenar nem quero que se apequenem ao meu redor. Não é porque não sou rico que vou sonegar as informações que levam as pessoas à riqueza. Os artistas são muito competitivos, ninguém vai te passar essas informações. Prevendo a insistência do questionamento avançarei com mais algumas explicações: por que não sou rico? Digamos que meu percurso até o momento foi duchampiano, algo desapegado e deslocado do mercado. É reconfortante pensar assim. Por outro lado na zona de conforto profissional não devemos ficar muito tempo, como veremos a seguir. Acredito que serei bem sucedido financeiramente. Outra razão para eu não ser um artista endinheirado deve-se ao fato de que tenho muitos interesses e atuações, como por exemplo a curadoria, o mercado de arte, a vela náutica, videos, blogs, plataformas online, não sou um artista que "só faz arte" (um dos pontos deste artigo). Por outro lado estou afunilando e convergindo meus interesses. Minha ambição é horizontal. Bem, não estou aqui para falar de mim, vamos em frente porque o arrojo é uma condição prévia da prosperidade (outro ponto a ser tratado).

1) Faça arte para os outros, não para você mesmo. 
Arte não é hobby, é uma linguagem com um vocabulário ja consagrado e com um circuito bem definido. Não queira inventar uma nova linguagem, não fique falando sozinho, é importante chover no molhado, atue dentro do circuito e para as pessoas do circuito. Existem circuitos mais alternativos e outros mais consagrados, ambos podem ser rentáveis desde que você se projete a eles e para seus públicos. Evite o excesso de autonomia, porque no futuro poderá ficar isolado. Faça parte.

2) Desenvolva um currículo obsessivo de exposições. 
Não fique entocado, saia, procure espaços para expor, editais, regulamentos de salões, redija projetos, cace o que fazer e locais interessantes para expor. Não é proibido expor em restaurantes, mas cuidado para não sobrecarregar o currículo somente com espaços alternativos. Procure curadores e críticos para ir além de você mesmo.

3) Produza muito, seja um trator.
Você tem duas opções, ou se tranca no atelier solitariamente todo santo dia (algo chato e menos produtivo) ou contrata um assistente, para criar uma dinâmica, todo santo dia, que vai triplicar sua produção. Certos trabalhos não podem ser feitos sozinhos, e nestes casos o resultado sozinho é zero. Bem acompanhado é ilimitado.

4) Seja simpático. 
O trator é só na produção, não nos modos. Seja carismático, líder, mobilizador, educado, atencioso, amigo do pessoal, como um excelente executivo. Seja uma referência para sua equipe. Evite demonstrar carência afetiva, insegurança, ansiedade. Fique relax, sem ficar apático e sem euforias. Seja firme, flexível e atencioso.

5) Administre bem a produção, a catalogação, a equipe e os compromissos.
Isto é trabalho de escritório, mais uma vez, busca a excelência de um executivo, registre bem suas obras com fotos e listas com fichas técnicas. Tenha as informações bem sistematizadas, arquive tudo muito bem, folders, artigos de jornais, catálogos. Seu crescimento depende do crescimento dos seus parceiros. Se organiza. Suas fundações devem ser sólidas para suportar sua grandeza.

6) Saiba negociar, não seja durinho e defensivo. 
Argumente, dialogue, ouça, queira fazer negócio. A cotação de um artista tem a ver com sua capacidade de legitimar seus preços com uma orquestra de parceiros e amigos. Aprenda a trabalhar com múltiplas galerias e parceiros comerciais. Não delire nos preços e não queira vender tudo sozinho se não tiver capacidade para ser o Romero Britto.

7) Seja arrojado.
Não faça arte sem graça e fraquinha. Coloque algum peso no trabalho, vigor, brilho, escala. Busque aliar a simplicidade e a sofisticação. Leveza também pode ter estofo. Invista na sua produção. Não precisa ser rico para investir na sua arte (até porque tem artista que é rico e poderia brilhar mais). Invista tempo, seja ambicioso, pense a longo prazo, pense na sua aposentadoria.

8) Faça só arte. 
Seja claramente um artista, não seja outras coisas, não seja arquiteto, ou designer, não seja montador, nem curador, nem crítico, nem consultor, pedreiro ou psicólogo. Você até pode ter muitos clientes em outros ramos de atividades, danem-se todos, você só precisa de dois clientes: compradores e curadores.

9) Seja famoso localmente.
Não caia na fantasia de prospectar o mercado internacional se ninguém te conhece na sua cidade. O Brasil é um continente, existe muito mercado aqui mesmo, cavar oportunidades no estrangeiro é só para quem ja arrasou o quarteirão local. Lá fora você é um estrangeiro. Não adianta expor num vilarejo francês e achar que está bombando. Fazer residências é muito gostoso, mas com moderação. Toda viagem vai te afastar do mercado doméstico.

10) Arte não é uma atividade agradável.
Se você acha gostoso é porque está fazendo pouco. Pergunte a um piloto de Airbus se é gostoso passar 8 horas na cabine. Pergunte a um cirurgião se é gostoso passar o dia no centro cirúrgico. Pergunte a um palhaço profissional se é gostoso se apresentar para uma plateia de duzentas pessoas e depois ser preso pela polícia. Fale com um professor de pré-adolecentes da rede pública ou particular para ver se é gostoso. Arte é trabalho braçal, intelectual e administrativo. Exige muito da pessoa, é trabalho autônomo. "Crie o seu mundo" (Nelson Leirner). É exposição pessoal constante. Gostar do que faz não alivia o peso do expediente. Ter disciplina é fazer as coisas mesmo sem vontade. Faça valer muito a pena.

Sucesso!!
Ricardo Ramalho
19-08-2015

Saturday, July 25, 2015

Residência Artística com a qualidade RR Consultoria

Acesse o site da Prainha Residência Artística e saiba tudo sobre este programa em frente a Praia dos Pescadores em Itanhaém.


Venha conversar com Ricardo e curtir a maresia e ondas de surf!!


http://prainharesidencia.blogspot.com.br/


Reservas pelo email artistaramalho@gmail.com

Tuesday, July 14, 2015

Consultoria para Artistas: permita-se

Presto consultoria para diversos artistas.

A carreira de artista é excitante. E também muito solitária: nem sempre existem interlocutores especializados e disponíveis para dialogar.

O mundo da arte não é um ambiente livre e solto como as pessoas podem imaginar: existem muitos condicionamentos, modos, linguagem, vocabulário, competição, regras de mercado. Tudo isto é observado no desenvolvimento de uma carreira.

Meu objetivo é te ver brilhar. 
Isso mesmo. Ou está com medo?
Arte não é hobby.
Atendo também hobbistas, não quero assusta-los,
Não se apequene, brilhe.
Seja resistente e meigo para chegar lá.

- Minha consultoria normalmente inclui 4 encontros pelo skype por R$ 380 (4 sessões de uma hora). Depois podem ser continuadas em blocos mensais ou avulsos.
- Estes encontros são nos moldes das turmas de "acompanhamento de projeto" que existem pela cidade.

Tenho dezenas de artigos sobre o mundo da arte neste blog, recomendo aqui quatro deles para você ler:

Consultoria para Artistas: com alguma ambição
http://ricardoramalhoconsultoria.blogspot.com.br/2013/04/consultoria-para-artistas-somente-para.html

O Artista que não vende nada e acha que vale muito
http://ricardoramalhoconsultoria.blogspot.com.br/2014/07/o-artista-que-nao-vende-nada-e-acha-que.html

Contrato com galerias de arte
http://ricardoramalhoconsultoria.blogspot.com.br/2013/07/contrato-de-consignacao-e-termos-do.html

A importância das galerias é total para todo o sistema de arte
http://ricardoramalhoconsultoria.blogspot.com.br/2013/04/a-importancia-das-galerias-e-total-para.html

Bom proveito.
Me escreve :)
artistaramalho@gmail.com

Ricardo Ramalho

Tuesday, June 30, 2015

A suposta incompatibilidade entre ser artista e ser curador

A figura do artista curador, ou seja, o artista que também realiza projetos de curadoria, é alvo de uma polêmica a meu ver exagerada e desnecessária. Parece haver uma polarização sobre o tema, há quem ache normal, e há quem ache execrável. Este segundo grupo chega a questionar a ética dos artistas curadores, sugerindo que eles acessam instituições com projetos curatoriais e o portifolio pessoal embaixo do braço. Nos EUA sinto que existe maior condenação deste perfil de atuação. Lá valorizam muito a especialização e as normas sindicais são duras. No Brasil o mau estar com este profissional é mais brando e na Europa também são melhor tolerados.

Existe até mesmo uma regra não escrita "artista que faz curadoria de uma coletiva não pode se incluir na exposição". Oi? Ele é o curador ou não é? Faz sentido haver um artista proibido? O curador é livre para exercer a curadoria? Não muito... como escrevi no texto da Bienal de Pintura.

O status quo parece sentir ciúmes do artista curador, afinal ele exala o charme e o poder de ambos, é um artista não conformado ao seu lugar de artista, um curador criativo, um artista pensador, coisas incômodas. Ele flexibiliza a cadeia de comando das artes: no escalão mais baixo estão os artistas, depois os marchands e no topo os curadores. O artista curador rompe com essa hierarquia, ele salta a posição do marchand, parece ainda indicar que a figura do curador é desnecessária, como se colocasse o artista no topo da pirâmide (se é que ela existe). Mas ele não quer abalar o sistema, nenhum artista "de carreira" quer, ele está apenas fazendo o seu trabalho e ajudando a expandir e desenvolver o circuito de arte contemporânea.

Existe sim um problema no artista curador, sua carreira fica dispersa em dois segmentos distintos, de modo que poderá não ter a mesma potência de um curador focado, ou de um artista totalmente dedicado. Por outro lado nada garante que optar por uma ou outra atuação vai dar muito retorno profissional e financeiro.

A meu ver o artista curador é simplesmente um profissional que tem interesse e capacidade de realizar ambas as coisas porque seu percurso assim aconteceu. Não é um bicho de sete cabeças. Uma pessoa que faz somente curadoria não é um santo, pode ser um curador muito duvidoso ou excelente. E aquele que só faz arte também pode ser desinteressante ou espetacular. Quem reúne experiência em ambos os lados do balcão pode ter a vantagem de ser mais sensível aos processos que afetam os artistas e as mediações com espaços públicos. A função da arte é libertar e gerar reflexão. Todos podem pintar quadros, curadores também.

Ricardo Ramalho

Thursday, June 25, 2015

O texto da Bienal de Pintura, de 17/6 a 25/7/2015, curadoria Ricardo Ramalho

A Bienal de Pintura
Os artistas são livres para fazerem o que quiserem. São mesmo? O circuito de arte tem condicionamentos que costumam ser seguidos a risca. Existem procedimentos a serem cumpridos visando uma boa apreciação, uma linguagem de arte a ser utilizada, conceitos de trabalho são elaborados de modo previsível, as obras são seriadas, o currículo é escrito de acordo com um modelo convencionado. A comunicação precisa ser impecável. Existe muito de administrativo e institucional na rotina artística. Até a roda de amigos e influências convém ser observada para um bom trânsito neste meio tão político. A crítica que a arte recebe também acaba por afetar a produção, o que é inevitável e desejável: é o diálogo eterno entre a criação e o público.

E os curadores são livres? Tanto quanto os artistas: não muito. Existe um forte componente de criatividade autoral neste ofício, mas os curadores são os guardiões dos tais procedimentos consagrados do circuito. Ou seja, também cumprem muitos condicionamentos. Um curador que não atende os pilares da arte corre o mesmo risco que um artista com comportamento semelhante: a marginalidade. Se para um artista pode ser difícil defender sua obra publicamente; para um curador a dificuldade se multiplica pelo número de artistas da exposição. Toda curadoria é um grande telhado de vidro. O curador é visto como aquele que incluiu para o bem e excluiu para o mal. É ele o culpado. O volume de críticas que um curador recebe é sempre significativo. O grande mérito de curadorias é exatamente este, alguém que assume publicamente a responsabilidade e dá a cara pelo conjunto dos trabalhos valorizando assim a mostra e a instituição. Graças ao curador a exposição não fica encoberta pelo manto nebuloso da concepção difusa. Em Portugal o termo “comissário” é interessante porque evidencia o lado administrativo do trabalho, como um agente com o fardo de representar uma comissão.
Livres ou não, os artistas querem entrar para a história da arte e os curadores também. Uma estratégia recorrente para curadores é a realização de exposições de artistas ja bem registrados na história da arte, assim o proponente reforça a catalogação e aparece como mais um avalista dos consagrados. Alguns curadores são mais arrojados, além da história da arte querem ser visionários, então eventualmente garimpam artistas emergentes ou desconhecidos, para que depois com o tempo a história se encarregue de confirmar suas visões precoces.
Uma exposição é sempre efêmera, embora as obras sejam em geral duradouras. O catálogo visa dar longevidade para o projeto. Neste quadro de exposições transitórias, algumas com títulos rebuscados, e esquecíveis, vão se acumulando nos percursos dos artistas inúmeras participações. A tal ponto que nos currículos artísticos mais extensos chegam a editar uma lista somente com as “principais exposições”. Como curador independente pretendo que minhas exposições entrem neste rol, embora nem sempre possível, preciso evitar propor apenas “mais uma” exposição.
Há algum tempo tenho imaginado organizar uma exposição recorrente em São Paulo, um projeto com várias edições e que entrasse para o calendário cultural da cidade. Uma marca. Uma espécie de bienal, uma exposição com um recorte específico. O título pode ser considerado pretencioso, logo a partida. Como disse José Resende numa mesa redonda no Centro Cultural São Paulo “falta ambição nos jovens artistas”. Atento a este alerta não posso ser um curador sem ambição. Não é pretenção, é necessidade. Naturalmente a Bienal de Pintura, pelo nome, sugere algo absolutamente conservador para os olhares calejados do circuito de arte. Mas para o grande público acredito que haverá interesse. Entretanto uma curadoria não apenas dialoga com o público, precisa prestar contas para o sistema de arte.

Como justificar uma Bienal de Pintura? (frequentemente a justificativa da arte vem depois que ela foi feita). Com a proliferação de programas de técnica específica como as feiras internacionais de fotografia (vide SPArte/Foto), inúmeras galerias de fotografia, galerias de gravura, circuito SP Estampa, o festival Video Brasil, o FILE (festival de linguagem eletrônica), feiras de publicações artesanais (PLANAMIS) e editoras de livros de artista, como a Tijuana, fica mais do que justificada a Bienal de Pintura especialmente se considerarmos que a pintura, embora em notável recuperação, perdeu algum mercado para a fotografia e outras midias, desde o final dos anos 90. Vamos torcer para que a Bienal seja mesmo uma bienal, isto só saberemos daqui a dois anos. Já que nem a importante Bienal de São Paulo é infalível sobre periodicidade, acredito que a Bienal de Pintura pode se tranquilizar sobre este compromisso. O nome da mostra é pomposo e institucionalizante, como convém a uma estratégia de valorização dos artistas e do tema perante novos públicos: a pedra fundamental está lançada.
Acolhida pela Galeria Virgilio, foram selecionados dezoito artistas de várias procedências. São dez independentes: Augusto Citrângulo, Ciro Cozzolino, Dalia Rosenthal, Eduardo Verderame, Fernanda Barros, Ricardo Alves, Rodrigo Machado, Rubens Zaccharias Jr, Sergio Spalter e Tulio Tavares. E oito artistas representados pelas Galeria Lume, Mezanino, Paralelo e Virgilio: Alex Flemming, Andre Rigatti, Danilo Oliveira, Luiz Monken, Manoel Veiga, Marcelo Comparini, Paulo D’ALessandro e Ulysses Bôscolo. Somos gratos ao apoio destas galerias e aos artistas pela participação. Ao colocar alguns artistas de outras galerias exercitamos a cooperação entre as casas e acessamos artistas muito interessantes. Os independentes ajudam a dar um frescor de oxigêncio na exposição e em breve estarão posicionados novamente em galerias. Procurei fazer um apanhado da expressividade da pintura com diferentes tratamentos pictóricos e com a ampliação da discussão do formato para técnicas análogas como a fotografia manipulada e outros recursos de expressividade bidimensional. Lembrando que uma exposição não é apenas sobre arte; é sobre artistas. Como é difícil fazer escolhas e arcar com elas. Quando a escolha parece incompleta o curador se consola imaginando uma próxima curadoria que contemple outros exemplos, assim dedico a exposição a todos os que foram selecionados e aos que não foram.
Ricardo Ramalho

Bienal de Pintura
17 de Junho (vernissage 19:30) a 25 de Julho 2015.
Curadoria Ricardo Ramalho
www.facebook.com/ramalhoface
Com Augusto Citrângulo, Ciro Cozzolino, Dalia Rosenthal, Eduardo Verderame, Fernanda Barros, Ricardo Alves, Rodrigo Machado, Rubens Zaccharias Jr, Sergio Spalter, Tulio Tavares, Alex Flemming, Andre Rigatti, Danilo Oliveira, Luiz Monken, Manoel Veiga, Marcelo Comparini, Paulo D’ALessandro e Ulysses Bôscolo
Local, Galeria Virgilio - Rua Dr Virgilio de Carvalho Pinto 426, São Paulo, SP, 05415020 - galeriavirgilio1@gmail.com
www.galeriavirgilio.com
www.facebook.com/galeriavirgilio

Friday, June 12, 2015

O problema das bebidas em vernissages

Uma vez, numa festa da feira Arco Madrid, um marchand de NY me disse que ele não servia NADA nas vernissages em sua galeria. Nem água. Exclamei "Nem água?". Ele respondeu "Para quê? Para respingarem no meu piso?".

Bem... São Paulo não é NY, a cultura latina não é tão austera, e aqui todo tipo de atrativo é válido para atrair público para as vernissages. Alguma instituições contratam sofisticados buffets e os petiscos, ou fingerfoods, são tão elaborados que parecem finger-jantas. Nestes casos o acesso costuma ser restrito a uma extensa lista de convidados e recepcionistas barrando a entrada. Haja lista para animar a celebração.

Em espaços abertos, como galerias, a oferta excessiva de bebidas naturalmente pode gerar com o tempo um fluxo descontrolado de visitantes desinteressantes. Algumas casas optam por frear a distribuição de bebidas de duas formas: com o freio elegante, ou o freio tosco. No freio elegante o garçon é simplesmente lento, mas cobre todos os visitantes de forma satisfatória (algo raro). No freio tosco o garçom tem ódio dos visitantes, faz cara feia e serve como se fizesse um grande favor. Outro dia passei por isso numa galeria conhecida.

Um falso problema é lidar com os bebuns famosos, que perseguem vernissages, eles não são assim tão numerosos a ponto de estragar a noite.

As vezes os amigos dos artistas e outros artistas (que obviamente não são compradores) são confundidos e tratados como bebuns, só porque não vão comprar nada, o que não é justo. Os amigos e pessoal das artes formam o melhor público para animar as vernissages e dar confiança ao comprador que vê uma vernissage animada, com gente bonita e com boa conversa.

Uma estratégia que defendo é a venda de bebidas em vernissages; diversas galerias de primeira linha fazem isto. Assim se resolvem vários problemas: não tem custo para a casa, cada um bebe o que quiser, o quanto quiser, não é preciso correr atrás de garçons fugidios, não é preciso nem garçon, basta um balconista. A venda de bebidas livra a galeria do risco de um serviço ruim e que compromete a imagem da casa. A venda de bebidas transmite a idéia de uma organização austera e que luta pelo seu negócio e se preocupa com o bem estar dos vistantes.

Um forte abraço. Um brinde aos artistas da noite.
Ricardo Ramalho


Pagamento de comissões: a grande confusão

O mercado de arte tende a se profissionalizar, mas está longe de ser um mercado sério e bem estruturado como qualquer outro mercado. Faltam profissionais com visão empreendedora e com eficiente gestão de recursos humanos. Existem 3 tipos de situação de comissão. Infelizmente na maioria dos casos ninguém quer pagar:

1. A comissão que a galeria recebe quando vende a obra do artista.
2. A comissão que a galeria paga para incentivar seus colaboradores.
3. A comissão que a galeira paga para vendedores externos, como arquitetos, decoradores e sites de vendas.

Vamos destrinchar muito rapidamente cada uma delas:

1. A comissão que a galeria recebe quando vende a obra do artista.
Este tipo de comissão costuma variar de 50% a 40%. Muitos artistas não querem pagar. Consideram a porcentagem da comissão muito alta. É preciso entender os custos elevados de aluguel de grandes salas de galeria, os custos de montar uma exposição, armazenar obras, catalogar, divulgar,  atender clientes, fazer a gestão financeira e cultural da casa, contabilidade e equipe para tudo isso. A Galeria não retira valor da obra do artista, pelo contrário, é uma parceira na legitimação deste valor. Não vou me estender muito sobre este ponto. Aos artistas que não compreendem os custos de uma representação sugiro que peguem papel e caneta e façam contas dos custos estimados de manutenção de uma galeria, e poderão perceber como uma exposição individual é um investimento significativo nem sempre com o devido retorno. Se consideramos a participação em feiras então, a galeria tem que ter em caixa pelo menos R$ 40 mil para começar a pensar no assunto e assumir sozinha os riscos de participar.

2. A comissão que a galeria paga para incentivar seus colaboradores.
Este tipo de comissão varia de acordo com o faturamento da casa. Muitas galerias não querem pagar. Entramos no problema da falta de gestão de recursos humanos e amadorismo do mercado. Não é novidade que a distribuição de resultados pela equipe é uma estratégia agressiva para otimizar vendas, em qualquer empresa com foco em vendas. Não é um presente para o funcionário, é uma linha de ação gerencial. A alegação de que a Galeria não tem caixa para pagar comissão é a própria causa da falta de caixa: falta política comercial. Este tipo de comissão pode ser de por exemplo 2% das vendas até 5%. Tudo depende do montante faturado. Ás vezes 2% é muito, se a faturação for alta. A comissão deve ser paga para toda a equipe, independente de quem fez a venda, afinal todos os setores colaboram para a organização da casa e dão suporte a quem faz atendimento. As porcentagens podem ser rateadas entre o grupo, ou pagas individualmente, tudo pode variar. O importante é propor uma comissão, pagar de fato, e com o tempo ir avaliando se a comissão está muito baixa ou muito alta, quando então os valores podem ser revistos. Considero equivocado pagar comissão apenas pela venda de cada um, porque os funcionários de galeria são multi-tarefas, eles não fazem apenas venda, também fazem divulgação, comunicação e organização geral, que dão suporte as vendas de outros colegas. Uma comissão simbólica é melhor do que nada... embora neste caso os resultados também podem ser simbólicos.

3. A comissão que a galeira paga para vendedores externos, como arquitetos, decoradores e sites de vendas.
Com frequência as galerias atendem arquitetos ou decoradores que intermediam vendas. As comissões costumam ser de 10% a 20%. O preço final do artista deve ser sempre o mesmo. Mais uma vez, muitas galerias não querem arcar com a comissão, então inflacionam imediatamente a obra nestes casos. A galeria não pode sobretaxar uma obra porque ela está sendo vendida por terceiros. Isto torna o preço do artista instável. Neste caso comprar de arquiteto seria sempre mais caro do que comprar na galeria, e isto é ruim para a parceria entre a galeria e o arquiteto. Alguns arquitetos falam abertamente que não aceitam sobrepreço. Assim como um artista não pode vender arte mais barata no seu atelier, a galeria não pode inflacionar os preços conforme a conveniência só porque existe um vendedor externo na parada. O que você prefere? Pagar comissão e vender? Ou não pagar e não vender? Nos sites de venda é a mesma coisa, existem comissões de sites que vão de 10% a 30%. Claro que não faz sentido o artista custar mais caro no site do que na loja. Mais uma vez, se a galeria espera que o artista compreenda sua comissão de 50%, a própria galeria deve compreender o repasse de comissões para outras partes.

Então ficamos assim por exemplo:
50% vai para o artista.
5% para um caixa de comissões internas.
Sobram 45% para o caixa da galeria.
Simples, não?

Ou ainda:
50% vai para o artista.
10% para um decorador externo.
Sobram 40% para o caixa da galeria.
Simples demais.

Em linhas gerais é isso. Pagar comissão não é falar grego, é só pagar :) sem truques e sem desculpas. E é bom pagar comissão com um sorriso no rosto.
Quando todos ganham o mercado se fortalece. O comportamento defensivo ou avarento gera efeitos opostos a uma política generosa e distributiva.

Um abraço e boas vendas em equipe,
Ricardo Ramalho


Tuesday, June 2, 2015

Técnica de Negociação, by RR

Este post é curto. Uma técnica simples que uso é a seguinte:
"keep talking"

O negociador tem que argumentar e manter a conversa acesa. Argumentos você consegue se informando e elencando as virtudes do que você quer vender. Se você for um especialista na matéria fica fácil de vender. A conversa você mantém acesa ouvindo o outro e interagindo de forma agradável. Antes de vender alguma coisa, seja um objeto ou uma idéia, o vendedor tem que se vender também, ele próprio tem que ser atraente na interação.

Nada melhor do que comprar sendo bem atendido, o comprador fica com a idéia de "boa procedência". E vender para uma pessoa legal é outro prazer, da gosto entregar algo valioso para alguém que admiramos. Curta a negociação.

O negociador tem que ser flexível, um negociador duro atrapalha qualquer negócio. Outra dica importante é "querer fazer negócio". Quando ambos os lados querem a coisa flui.

Se você for calculista poderá ter melhor resultado. Planeje antes onde quer chegar com a negociação e tenha claro quais as concessões que pode fazer. Convém se antecipar a barganha do outro. Seu interlocutor vai fazer uma contraproposta. Vale a pena você tentar prever o que ele vai pedir. Você propõe A, o outro lado responde C. Atenção agora, se você ceder logo de cara ao plano C estará sendo um negociante muito condescendente, isto pode afetar seus resultados. Proponha o plano B, um meio termo entre A e C. Se você topar logo de cara o plano C seu contato vai pensar "pô, esse cara era fácil, devia ter proposto o plano D".

Em linha gerais é isso. Negociação tem algo a ver com vendas mas vendas é um assunto muito mais amplo, vendas envolve uma estrutura de vendas e comunicação, a negociação é um momento bem específico e crítico.

E a dica final, se o comprador ameaçar adiar a decisão você pode propor com um sorriso "ninguém sai da mesa sem fechar o negócio". Ja faturei falando isso.

Ricardo Ramalho


Saturday, May 30, 2015

Consultoria, assessoria ou assistência?

A consultoria se distingue da assessoria quando ela é externa, ou seja a consultoria vem de fora da organização, enquanto a assessoria é uma extensão da própria organização, a primeira é útil para desenvolver e a segunda para realizar. Numa escala de autonomia, a assistência está no nível mais baixo, o assistente em geral faz o que pedem para fazer e tem pouca autonomia, decisões críticas são tomadas antes da atuação dele. Por vezes o assessor e o assistente tem responsabilidades parecidas.

Já o consultor levanta aspectos que visam modificar o comportamento da organização. Somente um profissional externo pode fazer isto, pois eventualmente vai tocar em pontos sensíveis e desconfortáveis, vai propor o rompimento com rotinas e vícios da organização. Santo de casa não faz milagre, é muito difícil um colaborador interno propor mudanças estruturais, existem vaidades, disputas de poder e competições internas que vão se opor à mudança vinda de um colega interno. Considerando a mentalidade hierárquica das empresa, as propostas de um subalterno são raramente bem acolhidas ou consideradas.

Tudo isso para dizer que estou a sua disposição para consultorias, diagnósticos organizacionais, planejamento e elaboração de projetos. Consultoria não custa mais caro do que assistência, um bom assistente tem seu preço, por outro lado, uma rotina desatualizada pode ter um custo ainda mais alto.

Contate-me sem compromisso.
artistaramalho@gmail.com
Um forte abraço,
Ricardo Ramalho

Tuesday, May 26, 2015

Video Mercado de Fotografia - Parte 1

Novo video com RR sobre o mercado de fotografia de arte contemporânea.
4 minutos.
Inscreva-se no Canal DAlessandro no YouTube, com diversos videos sobre fotografia e arte.


O artista problemático


O xarope
Quantos artistas problemáticos você conhece? Não são tão frequentes como se pode imaginar, os artistas carregam o rótulo do gênio louco injustamente, são poucos o que se enquadram mesmo nesta categoria. Entre a genialidade e a loucura, no meio de tantos artistas interessantes e agradáveis sempre tem uns 5% de artistas problemáticos. Como são eles? Instáveis, injuriados, inseguros, arrogantes, defensivos, indecisos, ou simplesmente chatos. Alguns tem distúrbios psicológicos reais. O mundo não costuma premiar quem não consegue dialogar de forma produtiva, e o grau de êxito está ligado á qualidade do diálogo que se consegue estabelecer com os diversos atores do circuito.

Não é fácil ser artista, é uma condição permanente de se afirmar como artista, de defender seu trabalho perante o olhar severo dos "entendidos". Existe estresse nas transações conflitantes e incoerentes do meio. O sistema de arte é muito competitivo, os artistas querem brilhar mais do que os 300 outros artistas que estão a sua volta. Existe uma difícil equação para ser resolvida entre o bom senso e a ambição. Se houver muita ambição, faltará bom senso. Já o excesso de bom senso pode levar a uma situação de acomodação.

No mainstream da arte contemporânea os artistas são em geral bem adestrados nos relacionamentos: o mercado não tem muita paciência com deslizes de comportamento. Alguns chegam a atingir o mainstream, mas se tornam decadentes com o tempo e retornam a marginalidade. A decadência se revela nos chiliques, na ansiedade por vender, nas estratégias equivocadas de criação, no discurso do "artista oprimido", o artista que se julga a frente de seu tempo, ou incompreendido, na saliência constrangedora, no trato social. Uma coisa é ser um artista preciso, outra é ser maçante.

A liberdade do artista, se é que ela existe, está dentro de sua obra, e não no seu comportamento. Todo ser humano é condicionado pela ética e a cultura local. O artista-mala pode até ser bem reconhecido e brilhar, mas se não fosse mala brilharia ainda mais. Todo comportamento inadequado, seja em que meio for, terá um custo. Estive lendo que a sociopatia atinge 5% da população, o que corresponde aquela estimativa inicial de 5% de artistas complicados. O artista sociopata que não se cuida e não cuida do entorno vai pagar uma conta significativa no seu percurso. Seja interessante e torne interessante seus relacionamentos, pense no longo prazo, pense na sua aposentadoria.

Ricardo Ramalho

Monday, March 23, 2015

Como ser um artista cabeça em 5 passos

desenho RR, 1999
Este é um post delicado, como a maioria dos meus posts. Muita calma nesta hora. Será que você é um artista cabeça? Sua reação a este texto pode ser determinante para encontrar a resposta.

Repare uma coisa, via de regra, todo curador é cabeça, todos eles são cultos, escrevem bem, fazem pose de sábios, os curadores são quase guias espirituais. E os galeristas, são cabeças? hmmm... difícil hein? Como uma pessoa que só pensa em vendas pode ser cabeça? Puxa... agora ferrei com todos os vendedores do mundo... Mas existem vendedores cabeças sim, os gurus do marketing e das estratégias! Estes vendedores ajudam a criar seus produtos! Quando o empresário é bem sucedido ele é cabeça. E os críticos de arte são cabeças? Sim, até mais do que os curadores, afinal os curadores sempre têm que se preocupar com aspectos mundanos, logísticos e financeiros de exposições. Todo curador é meio mestre de obras, enquanto o crítico é pura literatura.

Voltando ao artistas. Como ser um artista cabeça?
1) Artista cabeça não vive da sua própria arte. Ops... atingi uma meia dúzia de amigos artistas-que-vivem-da-arte. Não me levem a mal. Eu explico. O artista-que-vive-da-arte tem uma rotina mais austera (caxias), de compromissos, projetos, arquivos, tapinhas nas costas, interesses urgentes, folhas de pagamentos, agenda lotada. Como que esta rotina pode ser cabeça? Onde está aquele estado contemplativo, aquele niilismo, aquele desapego, aquela dose de precariedade? A curtição da arte? Certos artistas são mais empresários do que muitos empresários, mas estes artistas nem sempre são tão cabeças como os empresários tradicionais. Nada contra artista-que-vive-da-arte, muitos são importantes, prósperos e estão bem inseridos na história da arte. Mas veja bem, por acaso Picasso era muito cabeça? Andy Warhol era cabeça? Pollock?

2) Corolário: Todo artista cabeça tem uma fonte de renda que não é sua própria arte. O artista cabeça dá aulas, é montador, é produtor, é assistente, é cozinheiro, é ilustrador, é pesquisador, enfim, ele não consegue conferir uma rotina rígida para sua carreira artística, prefere deslocar a rigidez da vida para outras atividades. É uma solução cômoda, é verdade, arrumar um emprego. O artista-que-vive-da-arte é mais batalhador e merecedor do dinheiro da arte... mas não é cabeça. E o pessoal das artes aplicadas que vivem da arte? Não são cabeças? Bem... considero que as artes aplicadas, por mais lindas que sejam, estão fora do mercado de arte, então é como se estes artistas tivessem um emprego. Então todo artista de artes aplicadas é cabeça, parabéns. (embora corram o risco da marginalidade, sobre isto tratarei mais adiante).

3) O artista cabeça não questiona as regras do sistema de arte. Neste ponto alguns mais vão discordar. E neste ponto o artista-que-vive-da-arte e o artista-cabeça tem algo em comum, eles não perdem tempo tentando tirar leite de pedra. Eles jogam as regras do jogo. O artista que esperneia, que se sente incompreendido, que se sente a frente de seu tempo, que quer ser diferente, que questiona as entranhas do mundo da arte... não é cabeça. Por que não? Porque ele não vai fazer a diferença, não vai contribuir, nem dialogar, será marginalizado num estalar de dedos, e agora vem o próximo ponto.

4) O artista cabeça não assume posição de marginalidade. Ele tem autoestima, ele se considera um precioso componente do sistema. Ele não se sente ameaçado pelas regras do jogo, pelo contrário, ele acredita em proposições internas, ele acredita que pode manipular o sistema e tirar proveito dele. Possuidor de alguma reputação, o artista cabeça acredita que pode ajudar outros artistas a entrarem para o sistema. Ele tem delírios de benfeitor e se considera bem sucedido, embora nem sempre com muita visibilidade.

5) O cabeça estuda, mas não precisa ser erudito. Muitos eruditos não são nada cabeças. Ser cabeça é enxergar além, é compreender o entorno, buscar o desenvolvimento pessoal com uma visão crítica, dar atenção para o próximo. Não é ser perfeito, é buscar humildade e generosidade.

Enfim, artista cabeça sou eu :) Conclusão que me faz lembrar uma de minhas frases favoritas "arte é o que eu faço". Ou seja, "eu me afirmo como artista, eu determino minha arte". Existem muitos tipos de artistas, todos eles tem seu papel no sistema de arte. O artista-que-vive-da-arte será sempre uma referência importante para o artista cabeça, e este um dia poderá se transformar no outro. Assim espero.

Ricardo Ramalho

Sunday, March 15, 2015

Os fluidos de Túlio Tavares

Todo artista pode fazer o que quiser. Pode ser modernista,  pode ser acadêmico, pode andar pelado, especialmente se  tiver um corpinho bonito. Pode jogar areia na Bienal  (literalmente), pode até não fazer nada e continuar sendo  artista. Que maravilha! É assim mesmo? Que liberdade é  essa? Só se for “livre como um taxi”, nas palavras de Millor  Fernandes. O artista na verdade tem é que andar na linha,  tem que pintar em série. E ai dele se não pintar em série.  Tem que redigir um currículo de acordo com o padrão  internacional de currículos de artistas contemporâneos:  nome, formação, exposições individuais, exposições  coletivas, obras em acervos e publicações. Se o currículo não for feito assim estará condenado ao rótulo do  amadorismo. E o portfólio? Se não demonstrar uma coerência férrea entre as obras, nada feito. É preciso  omitir o experimentalismo. Onde estão as fichas técnicas? Embalou as obras com o material adequado? Sabe  defender sua obra? Sabe argumentar e dar tapinhas nas costas? Ou será que o artista é romântico e  inseguro? Ele dialoga com os lobbies, ou se revolta contra eles? É quixotesco? Curte curadores? Cuidado com  a resposta, hein?  

A arte sempre teve fórmulas, no modernismo quem não entrava naquela onda estava frito. Quem não era  futurista tinha que morrer. Hoje em dia a arte é mais permissiva, pode quase tudo, o que ficou conservador  mesmo são os escritórios dos artistas, suas rotinas. “Depois da arte, vem os negócios de arte” (Andy Warhol).

Tulio Tavares urina em garrafas de wisky, garrafas pet e outras garrafinhas de vários formatos, fecha bem para  não vazar e monta uma espécie de coleção, que chama honestamente de “mijos”. Não são de qualquer  pessoas, são mijos do artista. Qualquer semelhança com a “merda de artista” não é mera coincidência. Piero  Manzoni not dead: o odiado artista italiano defecou em latinhas, aquele que parecia não levar a arte a sério,  tem afinal um discípulo na virada do século. Afinal qual o problema de seguir as regras do jogo? O artista é  livre ou não? O artista tem a obrigação de contribuir para o sistema de arte. Pode jogar tinta na tela de  qualquer jeito. Pode cortar a tela com faca. Pode até ser naif. Pode não fazer nada. Sim, pode tudo isso.  Desde que em série. O artista tem que fazer “nada” repetidas vezes. Uma só garrafa de mijo não tem  cabimento. Vinte garrafas de mijo sim, a arte fica bem melhor. Coerência, visão de mercado, poesia  provocativa, visão crítica. O que mais querem de um artista?

Toda arte insólita exige coragem, mantém vivo o glamour da arte, a inquietação, a agressividade, o charme  dos artistas. É preciso propor uma instabilidade, como quem faz um teste de estresse, como quem busca os  limites, para que tudo se estabilize e possa avançar. A estagnação é a tumba de qualquer profissão. O que  teria levado Manzoni a enlatar sua evacuação? A pressão modernista? A competição com outros artistas? A  necessidade de propor algo marcante? O medo da marginalidade? Todas estas motivações não morreram. A  pressão do mercado é enorme hoje em dia, os artistas competem entre si como se vivessem num ninho de  cobras. O receituário modernista foi substituído pelo secretariado contabil. Na arte contemporânea vence  quem tiver o escritório mais organizado. Pouco importa o que você faça como arte, mais uma vez. O que  importa é a embalagem, a caixa de transporte com espuma, o seguro, o currículo, o “per diem”, a imortalidade  nas coleções, a qualidade do coquetel, o copo com gelo. Por falar nisso, um brinde ao artista.  

Ricardo Ramalho
Março 2015
Texto para o catálogo do artista,
doação dos Mijos ao Museu de Arte do Rio

Friday, February 20, 2015

Neste video de 6 minutos RR fala dos perfis de colecionadores e coleções

Colecionadores agressivos e colecionadores conservadores.
Coleções especializadas e coleções diversificadas.

Wednesday, February 18, 2015

Nove segredos do êxito mercadológico para artistas

Para um artista ser bem sucedido no mercado de arte ele precisa cumprir 9 passos:

1) Tenha uma produção que dialogue com a linguagem corrente do mainstream de arte contemporânea. Não adianta fazer algo "que nunca ninguém fez", pelo contrário, é preferível conferir um aspecto familiar à criação, do que fazer algo fora de qualquer contexto.

2) Produzir em grande quantidade. O artista precisa ter produção para fazer muitas exposições ao longo do ano, atender o mercado e se mostrar vigoroso.

3) Expor regularmente. Esteja em evidência, alcançar o sucesso não é difícil, o difícil e se manter no topo. O meio dos artistas é bastante competitivo.

4) Saiba ouvir o seu público. A função da exposição é exatamente esta: submeter a obra a apreciação pública. É bom ouvir as reações do público, seja ele formado por curadores, críticos, artistas ou amadores. Neste diálogo, na exposição ou mesmo no atelier, o artista aprende a se defender, argumentar e reconhecer seus desafios para evoluir.

5) Pertença a uma panelinha. Nelson Leirner dizia que o artista precisa ter carteirinha. É preciso estar inserido numa roda de influência, aproxime-se de algum grande mestre, fique amigo, obtenha a proteção dele. Todo mestre gosta de ter discípulos, que mantém viva sua influência. E todo bom discípulo pode ser lançado ao mercado pelo seu mestre, ou apresentado a curadores e galeristas. O mestre ajuda a avalizar a arte do discípulo. A panela traz conforto aos seus integrantes.

6) Delegue as vendas para galerias de arte. Não se apegue ao valor da sua obra, porque este valor não depende somente do artista, depende da soma de fatores e parceiros diretos e indiretos. Dialogue com seu galerista, entenda os custos de uma galeria e repasse as comissões acordadas. Evite fazer vendas por fora da galeria, porque isso prejudica os resultados da parceria, e sobretudo nunca venda no atelier por preços abaixo dos cobrados pela galeria, isto prejudica sua cotação e abala a confiança dos colecionadores.

7) Contrate um assistente, temporário, ou permanente, para fazer uma grande produção. Trabalhar sozinho é difícil e nem sempre a disciplina ajuda. Com assistentes sua produção mais do que dobra. Grandes artistas possuem diversos assistentes. Você não precisa pintar tudo sozinho, ou esculpir a pedra sozinho. Sob sua autoria, diversas mãos podem colaborar, é assim desde a antiguidade, e mais ainda agora, na arte contemporânea.

8) Mantenha um currículo atualizado, demonstre engajamento no circuito de arte, constância e regularidade de exposições, em espaços oficiais e alternativos. Cuidado com excesso de exposições em espaços alternativos, você pode ser confundido com um artista marginal.

9) Mantenha um simples portfolio online, para mostrar suas coisas para as pessoas. Não precisa ser o catálogo completo da sua vida inteira, mas pode conter as principais obras de cada série, sempre com fichas técnicas ao lado das imagens. Sites exagerados e vistosos também são desnecessários. Adote um visual espartano no site.

Bem, é isso. Não é fácil  :)  nenhuma profissão é fácil, especialmente a profissão dos artistas. Existem compensações: o glamour, a visão crítica, a criação constante, o prestígio e a pose de artista.
Boa sorte!!!

Ricardo Ramalho

Artista, consultor de arte e coordenador da Galeria Virgilio
Fev 2015

artigo originalmente publicado no blog www.galeriavirgilio.blogspot.com.br
interessante blog recém lançado, com notícias, preços e informações

Monday, January 12, 2015

Arte Fofa versus Arte Séria

Para falar a verdade tenho sido um "artista sério", eu sou um chato :) eu me preocupo com a carreira, preciso expor regularmente a todo custo, sou como um curador conservador, sigo a trilha do mercado. Sou especialista nos lobbies das artes, em dar tapinhas nas costas. Eu quero viver da minha arte, a competição entre os artistas é selvagem, eu concorro sim com todos eles (assim como eles concorrem comigo), eu não divulgo editais (nem para meus amigos mais queridos, porque não quero competição)(mesmos que eu não escreva editais), em resumo, quero que os outros artistas de lixem.

A menos é claro quando vou dar aulas de pintura para amadores, neste caso eu me converto no artista fofo. Sou super compreensivo, valorizo o processo, o resultado não é importante, a comunhão dos pintores na aula é uma coisa linda, todos alí desanuviando seus problemas pessoais e acreditando que estão fazendo arte. Parece terapia ocupacional, mas não posso dizer isto. De vez em quando solto uma perolinha profissionalizante, para dar um susto nos alunos "é preciso ter ambição".

Ja dei aulas como "artista sério"... acho que este viés não é muito sedutor, não agrega muitos alunos. Eu falava coisas como "só é artista quem faz exposição", "não existe arte sem exposição". E isto assusta as pessoas. Eu dizia coisas como "o fazer artístico exige responsabilidades e compromissos, que só podem ser apreciados numa exposição pública", "considero que o início da minha carreira foi com minha primeira exposição". Eu coloco um peso enorme nas costas dos alunos. Onde aprendi isso? Na Faculdade de Artes Plásticas da FAAP, onde estudei. Os professores não tinham dó... fomos treinados para a guerra, para o corpo a corpo da trincheira. Tínhamos de saber argumentar e defender nossos trabalhos de perguntas duras todos os dias: "Qual o conceito do seu trabalho???" com o professor fazendo aquele sorrisinho de Conde Drácula. Não apenas as aulas de ateliers eram duras, mas as aulas teóricas também. Na faculdade de arte aprendemos a separar o suposto joio do trigo, e a condenar: "Isto não é arte".  Foi uma boa escola, séria.

Existe um tipo cruel de artista sério: o artista sério-jovem, são os mais agressivos, não vacile perto deles, você vai ficar para trás. Com eles não tem lero-lero, assim como não existe conversa mole com galeristas ou curadores. No mundo da arte contemporânea você tem duas opções, é "oi" ou "tchau".

A boa notícia é que a idade amolece os corações, vamos ficando mais sábios, tolerantes e menos defensivos. Hoje estou indo para o lado fofo das artes. Por que? Porque ja sou calejado, e não preciso entrar na categoria jovem. No mundo duro das artes, somente arte é arte. No mundo fofo tudo é arte. Concordo que num primeiro momento é importante considerar que somente arte é arte, é um exercício de vocabulário e jargão profissional, as pessoas precisam compreender a importância dos museus, precisam valorizar o trabalho dos artistas, precisam investir em arte, por isso que se entende (num primeiro momento) que artesanato não é arte, culinária não é arte, arquitetura não é arte. Num segundo momento, num plano mais amplo e culto podemos aceitar que tudo seja arte, então tudo aquilo e muito mais pode ser considerado arte. Em resumo, podemos aceitar que tudo seja arte, aceitamos a arte fofa, desde que não queiram ferrar com a arte. Ops.... cade o fofo? É preciso disciplina na fofura.

Ricardo Ramalho, Janeiro, 2015