Wednesday, July 13, 2016

A única coisa que um artista tem que fazer: e não é arte

O êxito profissional demanda centenas de ações adequadas. Toda vez que lemos "dez maneiras para fazer tal coisa" ficamos com aquela impressão de truque, aqueles irritantes "life hacks", reducionistas, ou pior, fica parecendo enchimento de linguiça ou isca de visualização de blog. Claro que é importante postar conteúdos úteis, com diferencial, e ter um blog generoso. Acredito que artigos devem conter alguma provocação, como é o caso deste, senão ficam "consensuais", enfadonhos e aguados. Sou particularmente provocativo nos títulos sejam em textos ou exposições. Não existe uma receita de bolo para ser artista, mas se as pessoas seguissem as indicações deste blog certamente se desenvolveriam mais. Não é fácil viver da arte e avançar segundo minhas próprias palavras. Vamos assim mesmo em frente nesta missão educacional, porque meu objetivo como consultor e professor será sempre que meu interlocutor seja mais próspero do que eu.

Fazendo um exercício estimulante de síntese proponho a única coisa que um artista tem que fazer: exposições. Observe que não adianta fazer arte sem expor. A exposição é o evento que conclui a obra. O artista que não mostra seu trabalho nunca será reconhecido. A menos que seja Arthur Bispo do Rosário, considerado louco, passou a vida no manicômio e fez uma obra tão vigorosa e contemporânea que chamou atenção de curadores. Não está nos planos da maioria das pessoas viver no hospício, rodeado de pessoas de saúde mental duvidosa... embora fora do hospício também tenhamos de conviver com esse tipo.

A exposição exige a produção das obras, então expor obriga a fazer arte. A exposição faz o trabalho evoluir porque conseguimos visualizar o conjunto da obra como algo conquistado, a tal ponto que queremos ir além. Outro efeito importante de expor é submeter o trabalho a apreciação pública e isso demanda coragem e capacidade de diálogo e argumentação. Com frequência ouvimos uma crítica e temos a oportunidade de formular uma argumentação: é a apreciação da apreciação. A capacidade de dialogar sobre o próprio trabalho ajuda a despertar interesse, empatia e formular os próprios conceitos da obra.

A função da arte é gerar uma experiência no público e isso só pode acontecer numa exposição. Há quem diga "faço arte para mim, não para os outros"... soa bastante desprendido e impetuoso, mas também um pouco ingênuo e desinteressante, a meu ver. A obra precisa dialogar com a contemporaneidade, com o mundo, e não com o quarto do artista.

Além de motivações poéticas e de transformação do entorno, as exposições tem um objetivo secundário imprescindível: acessar curadores, colecionadores e marchands. São eles é que vão trazer o pão para o artista, e publicar catálogos, e permitir exposições ainda maiores. No mercado de arte a apreciação da obra é indissociável da apreciação do currículo. "Quem fez" a princípio é mais importante do que "o que fez". Quanto mais relevante o currículo mais liberdade o artista ganha, quanto mais numerosas as exposições mais confiantes ficam os colecionadores. Se inspira credibilidade no comprador (que afinal é um investidor e quer ter segurança) inspira interesse no galerista. Se faz exposições interessantes e ainda tem o respaldo social então o curador sente-se confortável para colocar o obra sob os holofotes do museu, quem sabe incorporar no acervo e produzir catálogo. É curioso notar que as galerias ocupam frequentemente o papel dos museus, não apenas na imitação do cubo branco museológico, mas também na produção de seus próprios catálogos, convidam críticos para escrever, agregar valor e dar credibilidade à publicação. Toda essa produção em torno do artista é muito valiosa. Por vezes mais valiosa do que a própria obra.

Assim podemos notar que a exposição é o pilar mínimo da atuação de um artista com ambição. Expor constantemente exige a produção constante de obras. Expor ao longo da vida leva ao questionamento "dessa obra de tantos anos" pressionando assim sua evolução. Expor celebra o trabalho, presenteia o público, altera os ambientes e amplia seu alcance. Expor exercita a autocrítica, o diálogo e a inserção no mercado. Sem exposições um autor não vai longe. Expor imortaliza o artista.

Ricardo Ramalho
à sua disposição pelo email :)
artistaramalho@gmail.com


Thursday, July 7, 2016

Um perfil de consultoria para artistas

RR, Da série provérbios, 2002, 32x40cm
Quando dou consultoria para carreiras artísticas, e dou várias, não trato arte como terapia ocupacional, não afago obras duvidosas nem descrevo o mercado de arte como uma coisa linda. O diálogo com o artista se dá sobre a realidade do sistema de arte, sem romantismo e fantasias, com muita objetividade e soluções sobre a mesa. Um artista pode ficar 5 anos estagnado. Okay... e se ficar 10 anos? 20 anos estagnado? Que tal a vida inteira na obscuridade e frustração? Em poucos meses de foco este quadro pode ser revertido.

Arte é uma profissão competitiva, não se aceita amadorismo. Minha abordagem visa desenvolver o percurso do artista, longe da marginalidade, com vistas a um sentimento de pertença ao circuito de arte.

Podemos ter conversas agradáveis sobre a poética das coisas, a arte que está em tudo e todos, mas não será essa a conversa que vai desenvolver sua carreira. Arte é tudo que nos rodeia sim, apenas para os artistas avançados. Para os emergentes arte é somente aquilo que será apreciado como arte. O foco sugerido da consultoria está na verificação dos conceitos estéticos da obra, produção, portifólio, exposições, mercado de arte, curadoria, galeria de arte, catalogação, reconhecimento, referências.

Meu email é artistaramalho@gmail.com podemos fazer uma sessão pelo skype sem compromisso. 

Este é o blog top do Google em consultoria de arte :)


(imagem: Da série provérbios, #1, vinil sobre pvc, 32 x 40 cm, Ricardo Ramalho - apresentado na coletiva AAA, Galeria Baró Sena, 2002).