Thursday, May 2, 2013

Do PÓ à BOLHA: dois erros comuns sobre preços de arte

Se você conhece o seu preço, você vale alguma coisa. Se seu preço é nebuloso, sua cotação pode despencar, sem volta. No meio artístico existe muita confusão com preços.

Os dois erros mais comuns e desastrosos são:

1) Artista cobra o que dá na telha, conforme a ocasião.
2) Marchand inflaciona o trabalho dos artistas. Com atualizações de uma hora para outra, sem estratégia nenhuma, mesmo galerias importantes não facilitam preços ao público, nem informam sua própria equipe, tudo é avaliado na hora, como se o valor fosse "sentido" pelo bruxo, dono da galeria. (Neste caso quem cobra o que dá na telha é o marchand).

Erro 1: O preço nebuloso do artista desapegado. 
Convém que o artista tenha um Preço de Venda ao Público (PVP). E não fale em "meu preço de artista", e não tenha um segundo "preço na galeria". O preço deve ser um só, ou seja o preço de galeria, esta é a cotação pública do artista. A galeria recebe sua merecida comissão. Se o artista vende por fora da galeria, ele deve vender pelo mesmo preço da galeria. A comissão por vendas fora da galeria é acordada entre as partes, algumas galerias que trabalham com exclusividade e geram bastante resultado podem pedir comissão sobre qualquer tipo de venda. Noutro caso o artista vende bem por fora, e não aceita pagar a galeria por vendas feitas em seu estúdio. Cada caso é um caso. É melhor pagar comissão e ser rico, do que não pagar e ser pobre. Uma obra não pode ser valiosa num lugar e barata noutro. Repito: o preço do artista é um só, com ou sem comissão. É importante para o artista estabelecer parcerias com galerias distribuidoras, definindo o preço final e acordando comissões. Monitorando sua valorização real.

Erro 2: A galeria especuladora.
Existe uma bolha no mercado de arte, com três responsáveis: os marchands que vendem, colecionadores que compram, e os artistas que não administram suas carreiras. Certas galerias acreditam que dinheiro não é problema, então um trabalho pode ser valorizado sem problemas, e se o artista vende duas ou três obras depois de uma exposição importante, pronto, acham que podem encarecer mais!! Em estandes de feiras ja vi preços de obras subirem no mesmo dia, no começo da tarde o preço é um, no fim do dia ja ficou mais caro. O problema é que aumentar os preços sempre esfria o mercado. É preciso que o artista atinja uma popularidade mercadológica para que o boca-boca funcione bem, e que muitos colecionadores comprem, a ponto de solidificar uma cotação e uma relevância. O que acontece hoje é que muitos artistas jovens tem seus preços inflacionados cedo, sem que sua penetração no mercado esteja consolidada, situação muito delicada, porque não se pode diminuir depois o preço de um artista. O frenesi pelo artista é esfriado por preços caros, e novos artistas emergentes que tem preços mais baixos roubam atenção, até serem queimados também por mais especulação.

Em resumo: não brinque com seus preços, seja sério, transparente e conservador nesta matéria. Não seja um predador deslumbrado, seja um negociante sustentável.

Abraço, Ricardo Ramalho.

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