Friday, June 12, 2015

O problema das bebidas em vernissages

Uma vez, numa festa da feira Arco Madrid, um marchand de NY me disse que ele não servia NADA nas vernissages em sua galeria. Nem água. Exclamei "Nem água?". Ele respondeu "Para quê? Para respingarem no meu piso?".

Bem... São Paulo não é NY, a cultura latina não é tão austera, e aqui todo tipo de atrativo é válido para atrair público para as vernissages. Alguma instituições contratam sofisticados buffets e os petiscos, ou fingerfoods, são tão elaborados que parecem finger-jantas. Nestes casos o acesso costuma ser restrito a uma extensa lista de convidados e recepcionistas barrando a entrada. Haja lista para animar a celebração.

Em espaços abertos, como galerias, a oferta excessiva de bebidas naturalmente pode gerar com o tempo um fluxo descontrolado de visitantes desinteressantes. Algumas casas optam por frear a distribuição de bebidas de duas formas: com o freio elegante, ou o freio tosco. No freio elegante o garçon é simplesmente lento, mas cobre todos os visitantes de forma satisfatória (algo raro). No freio tosco o garçom tem ódio dos visitantes, faz cara feia e serve como se fizesse um grande favor. Outro dia passei por isso numa galeria conhecida.

Um falso problema é lidar com os bebuns famosos, que perseguem vernissages, eles não são assim tão numerosos a ponto de estragar a noite.

As vezes os amigos dos artistas e outros artistas (que obviamente não são compradores) são confundidos e tratados como bebuns, só porque não vão comprar nada, o que não é justo. Os amigos e pessoal das artes formam o melhor público para animar as vernissages e dar confiança ao comprador que vê uma vernissage animada, com gente bonita e com boa conversa.

Uma estratégia que defendo é a venda de bebidas em vernissages; diversas galerias de primeira linha fazem isto. Assim se resolvem vários problemas: não tem custo para a casa, cada um bebe o que quiser, o quanto quiser, não é preciso correr atrás de garçons fugidios, não é preciso nem garçon, basta um balconista. A venda de bebidas livra a galeria do risco de um serviço ruim e que compromete a imagem da casa. A venda de bebidas transmite a idéia de uma organização austera e que luta pelo seu negócio e se preocupa com o bem estar dos vistantes.

Um forte abraço. Um brinde aos artistas da noite.
Ricardo Ramalho


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