Tuesday, April 9, 2013

A importância das galerias é total para todo o sistema de arte.

O mercado é a espinha dorsal do sistema de arte, não se pode imaginar o atual circuito oficial sem o componente comercial. Os museus, embora manifestem um certo afastamento, estão intimamente ligados ao mercado, os curadores contam com os galeristas como seus principais fornecedores de artistas, são raríssimas as curadorias que privilegiam artistas sem galerias. Recentemente questionei no meu blog a qualidade da atuação das galerias nas feiras de arte, então é importante agora esclarecer a importância delas, porque as minhas observações anteriores podem ser interpretadas como uma posição de rejeição ao sistema instituído, e não podemos rejeitar aquilo que queremos dominar.

A relevância museológica dos artistas, que é um dos critérios curatoriais, está intimamente ligada as suas representatividades em coleções particulares (que refletem as demandas artísticas) e os respaldos da crítica especializada. É possível que um artista seja considerado num museu, tendo como base apenas sua aceitação pelos críticos, mesmo que sua atuação no mercado seja tímida, mas isto é muito improvável ja que a produção de apreciações teóricas é frequentemente encomendada pelas galerias, quando editam os catálogos e folders de exposições. Por outro lado a entrada do artista no museu valoriza ainda mais a sua obra e o assédio de galerias. Sim estamos diante de um ciclo vicioso impenetrável.

As galerias, quando fazem um bom trabalho, promovem os seus artistas de uma forma mais agressiva e sistemática do que os museus. Estes tem que dar conta de um acervo vasto, enquanto a galeria é focada em seu punhado de artistas, realizam individuais, imprimem material de catalogação, fazem uma assessoria de imprensa mais precisa, distribuem com mais agilidade, atualizam o preço das obras e fazem eventos domésticos e internacionais com mais frequência do que os museus. Então o artista que pretender se safar longe das galerias não tem muitas escolhas, ou vive na pobreza ou adquire visão comercial ainda mais agressiva e monta uma loja própria, como faz Romero Brito. O problema é que ambas as alternativas conduzem o artista à marginalidade do circuito de arte, sendo a segunda mais feliz do que a primeira.

Ricardo Ramalho

No comments:

Post a Comment